Vamos refletir muito com essa leitura e mudar o nosso pensamento com relação ao Natal
Noite feliz ou infeliz?
Era a semana que antecedia o Natal. Tinha acabado de celebrar a missa. Enquanto tirava os paramentos, irrompeu na sacristia da igreja um jovem que me disse à queima-roupa: “Não gosto do Natal”. Eu, sem entender o porquê daquilo, pois eu nem havia perguntado, voltei-me para ele e lhe perguntei por quê. Ele, mais furioso ainda, disse-me que não gostava do Natal, pois era uma festa que o deixava triste e via acontecer muita injustiça, como pessoas que ganhavam grandes presentes e outros sem receber nada. Sem falar das festas que se faziam nas casas dos ricos e da carência na dos pobres. Por tudo isso ele sentenciou: “O Natal é a festa triste que existe”.
Fiquei pensando no que aquele jovem tinha acabado de me dizer e lembrei-me de como o Natal pode ser uma festa de tristeza enquanto cantamos “Noite feliz”. Não deveria ser, então, uma noite feliz?
É, realmente Natal é visto por muitos como uma festa que nos deixa depressivos, lembramos dos Natais passados e sentimos nostalgia. Ou passamos o Natal sozinhos e ficamos triste porque estamos sós. O Natal será triste e de profunda melancolia se o limitamos a uma mera festinha de confraternização de fim de ano. Concordo que o Natal será triste se o reduzimos a uma ceia, por maior que seja, Mas nenhuma ceia ou festa conseguirá exprimir a grandeza do Natal.
O Natal se transformou mesmo em uma festa sem sentido. Ele ficou sem graça porque as crianças criam expectativa por causa dos brinquedos. Ficou sem cor, aliás, ficou de uma cor só, com o vermelho do Papai Noel. Transformaram o Natal em uma festa triste porque limitaram-no a uma mesa farta, um peru e algumas castanhas.
Ora, se o Natal for somente alguns presentes trocados e um punhado de cartões enviados por obrigação, realmente será uma festa triste. Se o Natal se transformar em uma festa em que se come e bebe sem saber o porquê, concordo, será uma festa triste, pois não terá sentido. É por isso que as pessoas se entristecem no Natal. Esqueceram que o Natal é uma festa de amor e que encontra seu sentido no nascimento de um Deus. Isso mesmo, um Deus que é Rei e Senhor e que nasceu em uma estreberia fedorenta ao lado de animais. Um Deus que se rebaixou para nos elevar. Um Deus tomou nossa carne e foi semelhante a nós em tudo, menos no pecado. Um Deus que se esvaziou e trouxe o céu para a terra. Um Deus que se encarnou, tomou o nosso jeito de para que a gente ficasse com um jeito divino. Ora, só por isso o Natal é festa da alegria. Só por isso eu deveria me alegrar. Tenho um Deus que me ama de tal modo que quis nascer como eu e quis ser como eu para que eu seja como Ele. Essa é a verdadeira festa do Natal – a festa do homem que se torna um pouquinho divino, pois Deus se tornou humano. Se eu não viver essa alegria, meu Natal triste, sem saber que ele é assim porque não percebi o Deus que nasceu para mim.
O Natal é alegre e feliz só por ser Natal. O Natal é alegria só por ser o nascimento de um Deus de amor. O Natal será feliz quando eu encontrar o verdadeiro sentido para que meus presentes e minhas festas encontrem também a sua razão de ser, O Natal é feliz não porque estou só ou acompanhado. O natal é feliz não porque ganhei ou não presentes. O Natal é feliz já é feliz demais e não precisamos do peru nem do tender, muito menos dos presentes, e menos ainda da mesa farta. O Natal já é tem felicidade suficiente para eu celebrar e cantar com os anjos “ Glória a Deus nas alturas” (Lê 2, 14). Foi assim que eu disse aquele jovem naquele dia, depois daquele missa Ele parou, olhou-me e foi embora. Hoje pensei nele. Não sei o seu nome e nunca mais o vi. Mas penso que, hoje, estará muito feliz. È Natal é isso basta!
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